Conclave começa na quarta-feira (7) e irá definir os rumos da Igreja Católica para os próximos anos. Cardeais de diferentes continentes disputam influência no colégio eleitoral. 2m5t52
O conclave que vai escolher o novo papa começa na quarta-feira (7), no Vaticano. A votação reunirá 133 cardeais com menos de 80 anos. Na lista de favoritos para vencer a eleição estão italianos, um americano e até mesmo um brasileiro. 1k5u41
A disputa pela liderança do catolicismo ocorre em meio à expectativa sobre os rumos da instituição após o papado de Francisco. Nos últimos 12 anos, o pontífice ficou conhecido por promover reformas, além de ter se aproximado minorias e ter feito uma Igreja mais voltada aos pobres.
Francisco morreu no dia 21 de abril, aos 88 anos. Desde então, a Igreja está no período de Sé Vacante, ou seja, sem um papa. A expectativa é que um novo líder seja eleito nos próximos dois dias.
Os favoritos ao cargo máximo da Igreja Católica representam uma diversidade de regiões e correntes internas: há nomes ligados ao legado de Francisco, com postura mais progressista, e também figuras de perfil mais conservador.
Jean-Marc Aveline é conhecido em alguns círculos católicos como "João XXIV", em referência à sua semelhança com João XXIII, o papa reformador de rosto redondo do início dos anos 1960.
Aveline é conhecido por sua natureza simples e descontraída, sua facilidade para fazer piadas e sua proximidade ideológica com Francisco, especialmente em relação à imigração e às relações com o mundo muçulmano.
Ele também é um intelectual sério, com doutorado em teologia e graduação em filosofia.
O arcebispo nasceu na Argélia em uma família de imigrantes espanhóis que se mudaram para a França após a independência da Argélia, e viveu a maior parte de sua vida em Marselha.
Sob o comando de Francisco, Aveline fez grandes progressos na carreira, tornando-se bispo em 2013, arcebispo em 2019 e cardeal três anos depois.
O nome dele foi impulsionado em setembro de 2023, quando organizou uma conferência internacional da Igreja sobre questões mediterrâneas, na qual o papa Francisco foi o convidado principal.
Se assumisse o cargo máximo, Aveline se tornaria o primeiro papa francês desde o século 14, um período turbulento em que o papado se mudou para Avignon. Ele também seria, aos 66 anos, o papa mais jovem desde João Paulo II.
Erd?, de 72 anos, já era um dos candidatos ao pontificado no conclave de 2013, graças aos seus amplos contatos com a Igreja na Europa e na África. Ele também se destaca por ser visto como um pioneiro do movimento da Nova Evangelização para reacender a fé católica em nações avançadas secularizadas — uma prioridade para muitos cardeais.
O religioso é considerado conservador em teologia e, em discursos por toda a Europa, enfatiza as raízes cristãs do continente. No entanto, também é visto como pragmático e nunca entrou em conflito abertamente com Francisco, ao contrário de outros clérigos de mentalidade tradicional.
Apesar disso, Erd? causou surpresa no Vaticano durante a crise migratória de 2015, quando foi contra o apelo do papa Francisco para que as igrejas acolhessem refugiados, dizendo que isso equivaleria a tráfico de pessoas — aparentemente se alinhando com o primeiro-ministro nacionalista da Hungria, Viktor Orban.
No entanto, após uma audiência com Francisco, ele mudou de opinião e ou a defender os refugiados.
Especialista em direito canônico, Erd? teve uma trajetória acelerada durante toda a sua carreira, tornando-se cardeal quando tinha apenas 51 anos, o que o tornou o membro mais jovem do Colégio dos Cardeais até 2010.
Grech, de 68 anos, vem de Gozo, uma pequena ilha que faz parte de Malta, o menor país da União Europeia. Partindo de um começo modesto, o cardeal evoluiu para grandes feitos, sendo nomeado pelo papa Francisco para ser secretário-geral do Sínodo dos Bispos — um cargo de peso dentro do Vaticano.
Inicialmente visto como conservador, Grech se tornou um porta-voz das reformas de Francisco dentro da Igreja durante anos, evoluindo rapidamente com os tempos.
Em 2008, vários cidadãos gays malteses declararam que estavam deixando a Igreja em protesto contra o que viam como uma postura anti-LGBT do então pontífice, o papa Bento XVI.
Grech demonstrou pouca simpatia na época. Já em 2014, em um discurso no Vaticano, ele pediu para que a Igreja fosse mais receptiva aos seus membros LGBTQIA+ e criativa para encontrar novas maneiras de abordar situações familiares contemporâneas.
No dia seguinte, o papa Francisco deu um tapinha em seu ombro durante o café da manhã e o elogiou pelo discurso, indicando-o para uma futura promoção.
Juan Jose Omella, Espanha 4l21f
Modesto e bem-humorado, Omella vive uma vida humilde apesar de seu título elevado. Ele dedica, aos 79 anos, sua carreira na Igreja ao cuidado pastoral, à promoção da justiça social e à personificação de uma visão comiva e inclusiva do catolicismo.
"Não devemos ver a realidade apenas pelos olhos daqueles que mais têm, mas também pelos olhos dos pobres", disse ele ao site de notícias Crux em abril de 2022, em palavras que refletiam a visão de mundo de Francisco.
Nasceu em 1946 na vila de Cretas, no nordeste da Espanha. Após ser ordenado, em 1970, serviu como padre em várias paróquias espanholas e ou um ano como missionário no Zaire, hoje República Democrática do Congo.
Ressaltando sua dedicação a causas sociais, de 1999 a 2015 ele trabalhou em estreita colaboração com a instituição de caridade espanhola Manos Unidas, que combate a fome, as doenças e a pobreza nos países em desenvolvimento.
Ele se tornou bispo em 1996 e foi promovido a arcebispo de Barcelona em 2015. Apenas um ano depois, Francisco lhe deu um barrete cardinalício vermelho — uma atitude vista como um claro endosso às tendências progressistas de Omella.
Leonardo Ulrich Steiner, Brasil 2ik62
Steiner tem 74 anos. Natural de Forquilhinha (SC), foi considerado pelo Vaticano o primeiro cardeal da Amazônia.
Estudou Filosofia e Teologia no convento dos Franciscanos de Petrópolis e é bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena. Também é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.
Foi ordenado sacerdote em janeiro de 1978, em Forquilhinha. Após isso, por causa da formação em Pedagogia, atuou em vários projetos de educação. Entre 1999 e 2003, foi secretário-geral do Pontifício Ateneu Antoniano, em Roma. Ao voltar ao Brasil, foi nomeado vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus, em Curitiba.
Em fevereiro de 2005, foi nomeado bispo pelo Papa João Paulo II e assumiu a Prelazia de São Félix do Araguaia (MT). Em 2011, foi eleito secretário-geral da CNBB e, no mesmo ano, nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília pelo Papa Bento XVI.
Em 2019, tornou-se arcebispo de Manaus e, três anos depois, foi criado cardeal pelo papa Francisco.
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