Com índices preocupantes e obstáculos contínuos, a pressão alta se consolida como um inimigo silencioso da saúde, demandando ações de conscientização e estratégias eficazes para sua prevenção e controle. 3b3l1b
A pressão alta, como é popularmente chamada a hipertensão, atinge uma parte expressiva da população brasileira. Apesar de frequentemente associada a sintomas como dores de cabeça, tonturas e falta de ar, essa condição costuma se desenvolver sem sinais perceptíveis — o que a torna ainda mais perigosa. Quando não tratada de forma adequada, pode comprometer seriamente a qualidade e a expectativa de vida.
No Brasil, estima-se que cerca de 32,5% da população adulta conviva com a hipertensão, o que representa aproximadamente 36 milhões de pessoas. Entre os idosos, a prevalência é ainda maior, afetando mais de 60% desse grupo. A doença está relacionada, de forma direta ou indireta, à metade dos óbitos por enfermidades cardiovasculares no país. Entretanto, muitas pessoas desconhecem que têm pressão alta ou abandonam o tratamento, justamente pela ausência de sintomas evidentes.
Em Minas Gerais, o cenário também é preocupante: seis em cada dez hipertensos têm a pressão descontrolada. Segundo dados do programa federal Previne Brasil, apenas 35% dos pacientes diagnosticados no estado realizaram a aferição da pressão arterial nos últimos seis meses — um procedimento fundamental para o acompanhamento clínico. Esse índice coloca Minas abaixo da média nacional, com desempenho semelhante aos estados com os piores resultados, como Roraima (23%), Rio de Janeiro e Acre (ambos com 24%). Por outro lado, os melhores desempenhos são observados no Ceará (47%) e em Alagoas (45%).
“As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, sendo a hipertensão muito comum na população e um grande fator de risco para essas doenças. Manter a pressão arterial dentro dos valores considerados saudáveis reduz o risco de danos aos vasos sanguíneos e ao coração, prevenindo complicações graves como o infarto e acidente vascular cerebral (AVC)”, afirma o cardiologista Dr. Conrado Lelis Ceccon, do Hospital Mater Dei Santa Clara.
Dados do Instituto Nacional de Cardiologia também apontam um crescimento expressivo nas internações por infarto no país, entre 2008 e 2022. O aumento afetou tanto homens quanto mulheres, com uma elevação média mensal de 158% e 157%, respectivamente. “O risco de hipertensão arterial e infarto aumenta com a idade, tanto para homens quanto para mulheres. No entanto, nas últimas décadas, tem-se observado um aumento nas internações por infarto em faixas etárias mais jovens, possivelmente devido a fatores como estilos de vida não saudáveis, obesidade e estresse. É importante destacar que a prevenção e o controle da pressão arterial devem ser priorizados em todas as idades”, alerta o médico.
De acordo com o cardiologista, a hipertensão é um dos fatores responsáveis pela lesão vascular por endurecimento e estreitamento das artérias (processo conhecido como aterosclerose) que, associada a fatores inflamatórios, pode ocasionar o rompimento das placas de gordura, seguida da ativação do sistema de coagulação com a formação de um coágulo. A obstrução do vaso por esse coágulo reduz a oferta de sangue com oxigênio e nutrientes para o músculo cardíaco, o que ocasiona a morte destas células – processo grave e potencialmente fatal, conhecido como infarto.
Para o Dr. Leandro Garcia, cardiologista do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, se atuarmos nesse fator de risco, que é altamente modificável, vamos reduzir, em grande número, as doenças cardiovasculares como um todo. “Em relação à faixa etária, nota-se o aumento de casos de hipertensão arterial e, consequentemente, de complicações por doenças cardiovasculares a partir da quinta década de vida”, diz o médico. No Brasil, há 36 milhões de adultos diagnosticados com essa condição, o que eleva consideravelmente o risco de problemas cardíacos.
Ele ressalta que, além da pressão arterial elevada, outros fatores devem ser considerados na avaliação do risco de infarto, como o uso de bebida alcoólica, tabagismo, sedentarismo, estilo de vida com sobrecarga de trabalho, estresse emocional, diabetes mellitus, doença renal crônica e dislipidemia. "A hipertensão arterial, na maioria das vezes, é assintomática, sendo desafiadora na identificação e na adesão do paciente ao tratamento. Mas, para tratá-la, é imprescindível que haja uma mudança de estilo de vida e uso de medicamentos”, alerta o Dr. Leandro.
Por outro lado, a hipertensão secundária pode surgir como resultado de condições médicas subjacentes, como doença renal, distúrbios da tireoide ou problemas nas glândulas suprarrenais. Essas condições podem levar a uma elevação súbita e severa na pressão arterial, exigindo um tratamento específico para a causa subjacente.